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Competição Cinema Falado: seleção de 2025 em detalhe

por Porto/Post/Doc / 01 10 2025


Dedicada exclusivamente ao cinema falado em português, esta secção competitiva do Porto/Post/Doc 2025 apresenta um conjunto de curtas e longas-metragens recentes que promovem e divulgam a língua portuguesa em toda a sua diversidade, bem como as cinematografias dos vários países lusófonos. Através de olhares singulares e abordagens formais distintas, os filmes exploram identidades, memórias coletivas e vivências contemporâneas que atravessam fronteiras culturais e geográficas.

A Última Colheita, de Nuno Boaventura Miranda [TRAILER]
Gabriel, adolescente, teme esquecer o rosto do pai falecido; Isabel, mãe solteira, luta para sustentar o filho; Firmino perde o seu jardim, que considerava um portal para Cabo Verde. As suas histórias cruzam-se, compondo um retrato intergeracional de uma comunidade cabo-verdiana em Lisboa, atravessada por dilemas de pertença e desejo de ligação. Estreado em Roterdão.

Cineasta cabo-verdiano, Nuno Boaventura Miranda estudou Design de Animação na China antes de se afirmar como autodidata no cinema. Cofundador da Kriolscope Filmes, foi colaborador de Pedro Costa em “Vitalina Varela”. Estreou-se na realização com “Kmêdeus” (IFFR 2020).

Claridade, Mariana Santana
É outono. Uma jovem e um homem mais velho viajam de comboio até à região do Douro, em Portugal, à procura de um fenómeno de luz. Durante o dia esperam, mas é no silêncio da noite que tudo se revela. O vento acompanha-os, e numa noite de tempestade, ela confronta-o com a sua própria existência. O invisível torna-se visível — mas ainda é possível acreditar?

Cartografia das Ondas, de Heloisa Machado Nascimento [TRAILER]
Um casal de cineastas cria um filme sobre Teresa, mulher grávida que chega a uma ilha fantástica onde prostitutas falecidas encontram refúgio. A narrativa transforma-se quando Heloisa descobre estar também grávida, entrelaçando ficção, ensaio e experiência pessoal num retrato sobre maternidade, morte e criação.

Realizadora e diretora de fotografia, Heloisa Machado nasceu em Brasília e formou-se em Cinema e Audiovisual pela UFF. É membro do coletivo DAFB e filmou obras premiadas em festivais como o de Brasília. “Cartografia das Ondas” é a sua primeira longa-metragem como realizadora.

Deuses de Pedra, de Iván Castiñeiras [TRAILER]
Filmado ao longo de quinze anos, este retrato poético acompanha uma comunidade rural na fronteira ancestral entre Galiza e Portugal. Através de contos, lendas e histórias de infância, segue Mariana, que aos 17 anos enfrenta a decisão de abandonar a aldeia e a mãe para estudar no estrangeiro.

Espanhol nascido em Santiago de Compostela, Iván Castiñeiras estudou História da Arte, Cinema em Lisboa e realizou formações em Paris e Barcelona. Participou no Berlinale Talent Campus e foi artista residente na Casa de Velázquez. “Deuses de Pedra” é a sua primeira longa-metragem.

Infinito Infinito, Na Imaginação da Matéria, de Mariana Caló e Francisco Queimadela
Rodado no Porto, o filme acompanha crianças e estudantes da Faculdade de Belas-Artes em práticas de exploração artística. Num cruzamento entre infância, ensino, experimentalismo e criação coletiva, constrói um olhar sobre a relação entre espaço, imaginação e comunidade.

Artistas e cineastas, Mariana Caló e Francisco Queimadela trabalham em dupla desde 2010. A sua prática centra-se na imagem em movimento, mas cruza cinema, artes plásticas e instalação. O seu trabalho já foi exibido em contextos internacionais de cinema e artes visuais.

Ku Handza, de André Guiomar
Em Maputo, cidadãos vivem abaixo do limiar da pobreza, mas reinventam quotidianamente formas criativas de sobrevivência, adaptando-se às exigências sociais e transformando adversidade em resiliência.

Nascido em 1988, no Porto, André Guiomar é licenciado em Som e Imagem e mestre em Cinema e Audiovisual. Realizou curtas como “Piton” e a longa-metragem “A Nossa Terra, O Nosso Altar” e trabalhou como diretor de fotografia em “A Mãe e o Mar” de Gonçalo Tocha. “Ku Handza” confirma o seu percurso documental centrado em temas sociais.

Maria Henriqueta Was Here, de Nuno Pimentel
Em 1872, o imperador do Brasil, D. Pedro II, visita o Porto e fica hospedado no Grand Hotel du Louvre, propriedade de Maria Henriqueta de Mello Lemos e Alvelos. No presente, a tentativa de recriar esse episódio transforma-se numa invocação fantasmagórica, entre memórias e sensações.

Nuno Ochôa Pimentel (1992) estudou cinema na ESAP e argumentismo em Londres. Participou na Industry Academy do Locarno Film Festival e em residências promovidas pela Gulbenkian e pela Escola das Artes. Maria Henriqueta Was Here é a sua mais recente curta-metragem.

Samba Infinito, de Leonardo Martinelli [TRAILER]
No Carnaval do Rio, um trabalhador de limpeza urbana lida com o luto pela morte da irmã e com as exigências do trabalho. Ao encontrar uma criança perdida, embarca numa jornada de afeto e cuidado em meio à folia.

Realizador carioca, Leonardo Martinelli venceu o Leopardo de Ouro em Locarno com “Fantasma Neon”. Os seus filmes foram exibidos em Cannes, Toronto, San Sebastián, BFI London, entre outros. Atualmente prepara a sua primeira longa-metragem.

Um Filme de Terror, de Sergio Oksman [TRAILER]
Um documentarista e o filho de 12 anos passam férias num hotel abandonado em Lisboa. Entre ecos de “The Shining”, emergem fantasmas reais: crimes e lendas da história portuguesa.

Cineasta madrileno de origem brasileira, Sergio Oksman dirige a produtora Dok Films e leciona na ECAM. Autor de filmes como “O Futebol” (Locarno 2015) e “A Story for the Modlins” (2012), construiu uma carreira marcada por experimentação formal e narrativas documentais híbridas.

Zizi (ou oração da jaca fabulosa), de Felipe M. Bragança [TRAILER]
Baseado em memórias de infância no subúrbio do Rio de Janeiro, o filme recria a história de Dona Zizi, mulher de ascendência indígena e negra que se torna líder de um território marcado por afetos, fantasmas e feridas coloniais.

Nascido em 1980, no Rio de Janeiro, Felipe M. Bragança estudou cinema na UFF e iniciou carreira como assistente de Karim Aïnouz. Dirigiu quatro longas, exibidas em festivais como Cannes, Berlinale e Sundance. Cofundador da produtora independente Duas Mariola Filmes, já teve retrospectivas em Paris, Los Angeles e Berlim.

Sechiisland: A Vida como Obra de Arte, de Cláudia do Canto e João Paulo Miranda Maria
Este filme documenta poeticamente a vida cotidiana e os processos artísticos no espaço “Sechiisland – República Corporal”, um local de arte postal e plataforma cultural independente sediada em Rio Claro, Brasil. O documentário investiga como este espaço, idealizado como uma “ilha fictícia” com símbolos como bandeira, moeda e passaporte, ocupa um lugar híbrido entre obra artística e comunidade, transformando práticas de criação, arquivo e convivência num território experimental de expressão e resistência.

Cláudia do Canto e João Paulo Miranda Maria são artistas visuais e realizadores com atuação no campo das artes experimentais e das expressões híbridas nas fronteiras entre cinema, arte postal e projetos culturais colaborativos.


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