Esta Carta Branca combina obras cinematográficas e artísticas. O que estas obras têm em comum? Foram criadas por artistas e cineastas visionários, que se afastaram das formas clássicas de contar histórias e exploraram a sua própria linguagem inventada, criando novos territórios através da imagem.
Outro dos pontos em comum: são obras políticas. Sejam videoarte, documentários curtos ou longos, ficção científica ou animação gerada por computador, todas contam histórias de pessoas que foram, e ainda são, oprimidas, desumanizadas, marginalizadas, esquecidas ou mesmo apagadas. Essas pessoas, e as suas histórias, precisam de ser vistas pelo valor que trazem ao nosso mundo.
A heterogeneidade de forma e linguagem cinematográfica destes filmes não pretende simplesmente preencher o ecrã para ilustrar histórias, mas constituir um espelho que oferece reflexões sobre colonização, deslocamento, exílio, imigração, memória, geopolítica, identidade diaspórica e controlo estatal.
Ao assistir a estes filmes, os espectadores serão transportados para fora da sua realidade, viajando entre passado, presente e futuro - experimentando a alegria e o humor como formas de resistência. Vão testemunhar uma conversa entre uma mulher palestiniana e a Lunar Embassy; descobrir uma discoteca parisiense reconstituída que serviu de refúgio à população árabe nos anos 80; encontrar-se no interior das partículas corporais de um jovem norte-africano agredido pela polícia francesa durante um encontro; viajar de uma ilha fictícia no Atlântico até uma terra feita de flores e silêncio, passando por uma Palestina distópica transformada num arranha-céus, paisagens feitas de plantas comestíveis silvestres e a luta diária contra o desapossamento da terra.
Lina Soualem
Operação apoiada pelo Ministère de l'Europe et des Affaires étrangères e pelo Institut Français no âmbito da estratégia de promoção internacional das indústrias culturais e criativas através do dispositivo PICC.