Costantino (surpreendente Gavino Ledda, celebrado autor do livro autobiográfico “Padre Padrone”, levado ao ecrã pelos irmãos Taviani), encharcado até aos ossos, deixa-se afundar no palheiro como madeira velha atirada para a praia por um mar tempestuoso. A chuva torrencial acabou de extinguir o fogo que numa única noite devastou Assandira, uma quinta nas profundezas da floresta da Sardenha. Mas a chuva não aplacou a dor e o remorso pela morte do filho, perdido nas chamas. Assandira é o filme mais ambicioso, complexo e bem acabado de Salvatore Mereu, realizador sardo que já provara o talento para a observação antropológica nos seus filmes anteriores.