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Em Tremor, Annik Leroy constrói um retrato simultaneamente brutal e sensível dos tempos modernos. Neste documentário-poema, a realizadora e fotógrafa belga reúne um conjunto fragmentado de imagens aparentemente simples e pessoais: um vulcão, uma árvore, uma paisagem, uma viagem, uma cidade. Imagens que ora se viram do avesso, ora se tornam difusas, num espelho de uma sociedade em que “há sempre guerra”. Leroy recorre a excertos de comentários de Pasolini, Moravia, Bachmann e Freud, mas também de anónimos, sobre o estado do mundo, sobre a violência e o poder instituídos, e, através do plano sonoro, imprime ao filme uma dimensão política. Vozes de um outro tempo que ocupam estes lugares e estas imagens, num registo que se aproxima da ficção. Uma reflexão essencial sobre a vida, individual e colectiva. (Alexandra João Martins)